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Foto do escritorLugana Olaiá

A vida pode ter um lampejo do bem querer

Atualizado: 27 de dez. de 2024

Quando a vida só lhe apresenta questões objetivas, coisas que precisam ser resolvidas, quase como se fosse uma máquina, como é que sua parte humana sobrevive?


A gente sabe que a vida prática nos implica sobre afazeres e obrigações. Mas quem faz tudo isso, seja lá o que tudo isso for, não é uma pessoa afinal? É um ativo humano que precisa dar conta do viver e das engrenagens da tal da máquina.

Mas tem um segredo: nós não somos máquinas. Vocês sabiam? Eu fiquei em choque quando descobri! Falando sério…


A minha tendência é achar que um pedaço bom de vida vale a pena. O contrário disso seria evitar viver qualquer pedaço. É meu jeito de perceber as coisas.


Também acredito que tudo o que já é difícil é potencializado pela forma como a alguém escolhe levar as coisas. Se a vida não é só o que se pode tocar…a vida também não é só pagar contas e realizar coisas grandes, é graduação e mestrado e doutorado. A vida também é praia, é risada, é banho de chuveiro, é churrasco vegano, é um monte de coisas que não podemos evitar e de outras que temos que nos esforçar pra fazer caber. Se tem que ter debate com empreiteiro que quer fazer projeto errado na piscina e no telhado, também tem que ter a hora em que são desligadas as obrigações e são ativados os delírios e a delícia de beijar o corpo de alguém que se deseja.


Pra mim só funciona viver assim. A quantidade de coisas ruins que eu tenho que enfrentar precisa ser intercalada com meu gozar, com um copo de bebida alcoólica, comigo dançando estranhamente uma música qualquer, com uma tigela de mamão, com abacate com ovo no pão, com café e com cuscuz.


Mas isso sou eu. E sei que posso soar bem ridícula para quem enxergue o pragmatismo como norte.


Eu tô cansada. É muita luta pra tudo. Pra qualquer coisa.


Eu só queria abraço depois de algumas batalhas. Nem precisava ser depois de todas. As vezes só quero sangrar sozinha também.


Tô cansada de sentir dor e ter que engolir sozinha, calada, pra seguir dando conta do que é obrigatório.

Foto: Youngafrikanna

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