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Foto do escritorLugana Olaiá

Qual é a sua responsabilidade?

Mulher negra, abraçando crisântemos
Foto: Joshua Mcknight

Essa pergunta foi o modo como minha analista escolheu terminar a nossa última sessão. E foi como se o martelo de Thor tivesse batido na minha cabeça, até hoje dói. Na ocasião estávamos falando sobre o meu momento atual, sem emprego fixo. Ela me perguntou o que eu estava fazendo em busca de uma nova colocação no mercado, e depois que eu esgotei a minha lista de estratégias, ela trouxe esse ponto sobre a minha responsabilidade e antes de encerrar a chamada on-line ela completou: “vou deixar você com a tarefa de refletir sobre isso”.


Como já de costume meu, comecei a pensar em tudo o que eu não havia feito na procura de um novo trampo desde o meu último job. E pasmem, eu fiz tudo o que estava ao meu alcance. Depois de muito me criticar e me culpar até o final da manhã de terça, eu segui parte do direcionamento dela, e refleti sobre as minhas ações nos últimos meses.


Acho que eu tenho sido bastante responsável por ter conseguido me manter firme, realizei vários pequenos trabalhos que me garantiram pagar as contas fixas, falei com o maior número de pessoas que eu pude sobre “estar disponível para novas oportunidades”, participei de entrevistas, mandei currículos, e cortei gastos supérfluos. Mantive parte da minha sanidade mental em dia, custeando meus remédios para depressão, não voltei ao quadro de crise grave depois que fui desligada da empresa que eu adorava fazer parte.


No fim de toda essa bateria de pensamentos, me senti um pouco mais confortável e acolhida por mim mesma. Porque só cada pessoa sabe a sua luta, e eu preciso reconhecer os meus esforços, e finalmente começo a aprender a valorizar todos os meus passos. Por incrível que pareça, eu tenho lutado como posso para ter o meu sustento e o da minha filha.


Eu sou responsável por me manter de pé, me alimentando, lendo, pesquisando, falando com as pessoas, não me isolando, não me boicotando, não desistindo de mim. Eu estou teimando em acreditar no meu potencial, na minha inteligência e na capacidade de superação desse momento.


Sei que parte dessa alfinetada da minha analista, está diretamente ligada ao fato de que ela está recebendo menos do que deveria pelo atendimento que tem feito, e não a culpo por querer mais. Mas como boa ouvinte e seguidora de Ellora, agora sou a mais nova inimiga da autocobrança e da autocrítica e a melhor amiga da autorresponsabilidades sem ficar se martirizando. Estou fazendo meus corres, família! No máximo do respeitinho!

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