Uma amiga muito querida, na semana passada, me disse algo mais ou menos assim: "Você tem uma vida bem movimentada. Assunto pra próxima coluna". Eu ri e concordei, é muito movimento mesmo (filha de quem assim? Rsrs)!
No entanto, o assunto de hoje surgiu justamente durante o tempo em que fiquei deitada ouvindo meus podcasts preferidos.
Enquanto minha memória vasculha os últimos acontecimentos para contar essa história, eu vou costurando a colcha de retalhos dos meus sentimentos. Não vou contar um relato pragmático como se tudo fosse aleatório, porque eu acredito que a vida seja mais profunda do que os nossos olhos podem perceber. O destino se desenha lindamente.
Senti meus olhos arderem, aquela sensação de que tinha um cílio dentro das pálpebras ou vários grãos de areia. Passei a mão cheia de bactérias, doeu, lavei, dormi. Acordei no domingo com o olho esquerdo inchado e ele passou o dia incomodando. Mas eu estava com minha filha, e tudo o que eu fiz foi lavar os olhos muitas vezes, mas não olhei muito para o espelho.
Segundou, deixei minha filha na escola e cheguei no trabalho. Depois de uns minutos minha colega abriu a porta e imediatamente notou meu olho, que parecia uma pitanga. Hahaha! Ela achou que era conjuntivite e me falou para ir ao médico. Eu fui e era mesmo. Com o passar das horas, a minha vista ficava cada vez mais embaçada. Pegar o ônibus certo foi desafiador.
Depois da saga por 4 farmácias, encontrei o remédio que precisava e consegui chegar em casa. Um novo desafio começou então. Ficar quieta, apenas colocando colírio a cada 2 horas. Olho doía, coçava, a cabeça pesava e a vista completamente embaçada. Era só uma coisa estranha nos olhos no sábado, segunda já era uma perturbação enorme.
Então fiquei em casa, realmente sentindo dor e não conseguindo fazer as minhas tarefas habituais. Nesse momento eu tive que montar uma nova rotina para mim durante os dias seguintes. Colocar o colírio, não ler, não assistir, fazer comidas rápidas e fáceis, não abaixar, não me esforçar. Mas eu senti, de verdade que eu precisava me cuidar. Sim, tem vírus e bactéria com a chegada da primavera/verão, o calor e tudo o mais. Mas tem também o corpo, pedindo repouso, reclamando dos seus picos de estresse e agonia por coisas que você não pode resolver. E pedindo por favor para você parar de somatizar esses incômodos no seu corpo. (Márcia Sensitiva diria aqui "caraca, relaxa! Para de ser doida!").
Então ouvi música bem mais do que o habitual, foi muito bom. E então voltei aos podcasts que gosto, depois alguns vídeos, onde as falas das pessoas fazem muito sentido, ainda que a imagem não estivesse exatamente nítida aos meus olhos.
Aqui já quero trazer a referência de Alimente seu sol, de Suellen Massena. Procure saber!
E fui em busca da voz de Sueide Kintê, que muitas vezes me impulsiona o pensamento. E ouvi dela, um ensinamento, um aprendizado, que ela trouxe depois de ir aos shows de Gilberto Gil e Djavan. Ela destacou que ao longo das carreiras de ambos, eles precisaram cantar algumas das mesmas músicas, as mais famosas, as mais pedidas, repetidas vezes, ainda que já fossem antigas. E a importância da repetição da história que queremos contar sobre nós mesmos.
E preciso dizer que todas as mulheres que passaram pela minha vida nessa semana de conjuntivite, foram essenciais para a minha cura. Não apenas dessa enfermidade. Então eu irei repetir que você precisa valorizar as mulheres empáticas, atentas e humanas que você tem ao seu redor. Respeitá-las e cuidar delas também. Um mundo onde as mulheres podem ser nutridas e bem alimentas, constrói sociedades mais sólidas, para efetivar mudanças significativas para todos.
Também pensando no que eu quero dizer sobre mim e deixar na estrada, removi muitas pessoas da lista de transmissão que eu criei para enviar os textos das colunas. Porque eu quero repetir para o mundo que eu sou escritora, mas não posso insistir para que me leiam. Agora temos 80 contatos, e eu sei que isso vai impactar diretamente na quantidade de leitores. Mas é importante que a minha escrita seja valiosa e necessária para alguém. Só então vai fazer sentido a pessoa procurar o que eu escrevo, talvez um dia comprar o meu livro. Eu vou repetir muitas vezes ainda na vida, eu sou escritora, para que eu mesma possa enxergar e para que eu pratique tornar essa verdade possível.
Que texto lindo! O universo fala de diversas formas, até nos fazer pausar para ouvir o que precisa ser dito!