Ao longo desses quase 6 anos (como passa rápido!) tivemos muitos momentos e encontros emocionantes por aqui. Cada um tinha um calor especial uma descoberta nova, fazendo que sempre saíssemos renovadas de cada roda. O clube de leitura surgiu de uma necessidade de Adriele Regine, Evelyn Sacramento e Paula Gabriela, as três mestrandas em Estudos Étnicos e Africano no Pós-Afro (UFBA), precisavam de algo que as movesse e, ao mesmo tempo, possibilitasse construir o lastro de suas pesquisas. Assim, em 2016 inicia o LMN, com desejos simples que depressa estrapolaria a dimensão de espaço-tempo.
E nesse caminhar, a nossa primeira 'Edição Homenagens LMN' nos trouxe uma grata companheira de gira, que respeitamos e admiramos, comemorando hoje mais um ciclo em volta do sol. Uma professora, pesquisadora, militante, poeta e parceira que nos enche com a sua presença e carinho: Profª Ana Célia da Silva,
que de tão generosa compartilhou o seu aniversário conosco na edição de agosto de 2017, com convidadas mais do que especiais para celebrar esse dia - Lindinalva Barbosa, Ana Fátima, Jocelia Fonseca, Lívia Natália, Urânia Munzanzu, Hildália Fernandes e Luciana de Souza - que declamaram seus poemas, lançados em sua maioria nos Cadernos Negros e contar um pouco da importância dessa grande intelectual em suas vidas.
O livro que foi o responsável por unir tantas mulheres negras potentes foi 'Retrospectiva de uma trajetória de ações afirmativas precursoras à Lei nº 10.639/03', que é de uma magnitude, carinho e força que não é possível mensurar. Falamos tanto de trajetória que seria impossível fugir de contar essa história no Lendo Mulheres Negras. Um pouquinho dessa preciosidade, dito pela própria autora:
A ideia de reunir, em uma coletânea, tudo que escrevi desde o ano de 1978, quando do meu ingresso no Movimento Negro Unificado (MNU), me surgiu a partir do lançamento em Salvador, em 2015, do catálogo de fotos feitas por Jônatas Conceição da Silva, falecido no ano de 2009 e lázaro Roberto Ferreira dos Santos, do Arquivo Fotográfico ZumVi. Rememorei o quanto está sendo difícil reunir os escritos de Jônatas e o quanto será para os meus familiares repetir a façanha para mim. Resolvi então procurar nos meus arquivos, nos boletins e jornais do MNU, nas coletâneas e livros onde publiquei artigos e pesquisas e os organizei nessa coletânea, que acredito não completa, uma vez que não sou uma joia de organização, mas que apresenta muito do que escrevi durante esses anos. Espero que seja publicado ainda em vida, porque, como fez Edson Cardoso, ao eleger como tema da sua tese de doutorado a sua trajetória de militância, também espero ter a mesma sensação de dever cumprido que percebi nele ao defender seu magnífico trabalho, para a banca examinadora da qual tive a honra de participar.
Nesta mesma edição, como se não bastasse ter conosco toda a magnitude e potência da Profª Ana Célia, gravamos nosso primeiro produto audiovisual, a convite da Saturnema Filmes e estudantes do Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades e Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde apresentamos, pela primeira vez o Projeto Lendo Mulheres Negras:
Além dessa edição, a Profª Ana Célia esteve conosco em muitos outros encontros, sempre nos apoiando e nos fortalecendo nessa trajetória linda que fomos construindo juntas. Agradecemos demais pela força que ela nos transmite e que esse seja mais um dia para celebrarmos a sua existência para nós e para tantas outras pessoas negras que tem como inspiração a sua intelectualidade e saberes, grande responsável por tanto que avançamos na educação e nos direitos dos nossos pares.
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